Falta pouco, apenas a sanção presidencial, para que as empresas de transporte aéreo retomem a obrigatoriedade do despacho gratuito de bagagens. A mudança foi incluída na Medida Provisória 1089/21, que altera regras da aviação civil, cujo projeto havia sido discutido pelos deputados em abril, passou pelo Senado e, com alterações, retornou à Câmara. A cobrança pelo despacho de malas iniciou-se no Brasil em 2017 e, hoje, as companhias aéreas cobram, em média, de R$ 90 a R$ 350 por cada bagagem despachada, dependendo da empresa ou do trecho. E é esse o temor do setor do turismo, de que as passagens fiquem ainda mais caras.
“Pra quem trabalha com turismo, principalmente para agentes ou consultores de viagens que embarcam passageiros, é muito ruim porque a expectativa é que realmente os preços das passagens sofram alterações e fiquem mais caros. Ninguém no turismo está vendo com bons olhos porque, afinal, não é bom para o passageiro, porque aumenta o valor da passagem, e não é bom para a companhia aérea, porque aumenta o custo operacional”, afirma Dóren Faria, consultora de viagens da Criattiva Turismo. Deputados e senadores que votaram contra a medida, de fato, consideram que os custos operacionais do despacho de bagagens possam ser repassados ao consumidor.
Conforme Dóren, a gratuidade no despacho da bagagem é ruim até mesmo para quem não costuma despachar malas. “Quem não leva bagagem, agora não vai poder optar por uma passagem sem a cobrança, tudo estará embutido no preço total. Então, vai ser ruim para todos”, afirma. Essa medida, de acordo com a consultora de viagens, pode encarecer voos regionais e pontes-aéreas, em que os passageiros viagem num dia e voltam no mesmo apenas por uma questão de trabalho ou para realizar reuniões. “Nesses casos, as pessoas não levam bagagens despachadas, é um voo rápido. E isso também será afetado”, diz.
Soma-se a isso outros elementos que têm encarecido o preço das passagens. O alto valor dos combustíveis, por exemplo, é um desses aspectos. “Todo esse cenário implica em obstáculos aos viajantes, ainda mais por conta de um pós-pandemia com uma demanda reprimida. Por isso, a necessidade de uma consultoria especializada que ajude o turista a construir um roteiro que caiba no bolso dele, levando em conta todos esses aspectos”, afirma Dóren.